“...estes que tem
transtornado o mundo chegaram até aqui.”
Atos 17.6-B
Texto
interessante. No caso, essa foi uma acusação de judeus da antiguidade contra
Paulo e Silas na igreja de Tessalônica. Resumindo: os dois missionários tinham
chegado nesta cidade e, por três sábados consecutivos, pregaram o Evangelho na
sinagoga judaica. O discurso de salvação e libertação tinha conquistado a
simpatia de muitos e o furor de muitos outros. Em meio a esse contexto ouve-se:
A notícia de um Evangelho (boas novas) está transtornando o mundo.
Transtornando? Por quê? Por que ele transformava!
Por onde era
anunciado esse Evangelho, este transformava pessoas, rotinas e cidades. Jesus
arrastava multidões que buscavam seus ensinamentos, milagres e sinais. Depois
de sua morte e ressurreição seus principais discípulos continuaram seu trabalho
com a mesma intrepidez e prodígios. Inúmeros sinais e milagres os acompanhavam
trazendo novamente, multidões de novos cristãos. Seus princípios de igualdade e
caridade fizeram com que os primeiros cristãos se ajudassem mutuamente,
praticando de fato, a unidade cristã.
Tenho três
irmãos e uma irmã. Tudo que eu tenho, compartilho com eles, sendo um Condomínio
(compropriedade) limitado, assim como, aquelas coisas que são deles, tenho
liberdade de usá-las com os seus consentimentos. Isso são coisas normais em
qualquer família, e era uma normalidade na igreja primitiva. Tudo aquilo em que
um irmão necessitava, o outro supria. Unidade comunitária espiritual. Vale
salientar que nada era feito de forma coercitiva, mas com inteireza e
sinceridade sem reservas. Essa foi uma das primeiras transformações sociais
trazidas pelo evangelho, pois vivia-se sob o domínio romano, com uma política
extremamente elitista e escravocrata.
A transformação
das mentes e princípios daquelas pessoas fizeram uma grande revolução
social, trazendo assim, visibilidade sobre aqueles que eram diferentes de todos
os outros. Denominaram então essas pessoas de cristãs (primeiramente de forma
irônica), pois tinham princípios e atitudes que se assemelhavam com o caráter
de Cristo.
A transformação
de pessoas atraiu toda uma sociedade. Mas vem a pergunta: O evangelho se
transformou com o passar do tempo através da mudança da sociedade, para se
adaptar aos seus princípios? Não. Mas a igreja sim. A igreja negociou o que era
inegociável, e acabou se adaptando aos anseios da sociedade que o evangelho
tinha atraído, afastando-se assim, do evangelho puro e simples, e criando um
monstro imenso fantasiado de evangelho, monstro esse que devorou muitos com sua
fome de poder (adoção da igreja primitiva ao império romano, criando assim a
Igreja apostólica romana).
Ok. E hoje? O
evangelho ainda transforma? Claro! O evangelho é o mesmo. Mas as pessoas
mudaram. O mundo mudou.
Novamente, com
a mudança social, cria-se um novo monstro. O que o evangelho tem que conquistar
o mundo, adquirindo para isso, valores alheios ao evangelho. A igreja tá a cada
dia mais parecida com o mundo e menos com o evangelho. Têm-se criado versões
gospel de tudo que existe no mundo, para tornar a igreja mais atrativa àqueles
que não desejam uma mudança de vida e caráter. Não falo de musica, vestimenta,
hobbys e etc. mas de comportamento cristão. O monstro chamado “gospel” tá
devorando muitos que, inocentemente, acabam não conhecendo o evangelho puro e
simples. Atualmente coloca-se o selo “gospel” para dar legitimidade para certas
coisas fora do evangelho e marginalizar o que não se encaixa nesse contexto
mercadológico.
Hoje busca-se que o evangelho “conquiste” o mundo. Então, valores diversos
da palavra têm sido misturados ao evangelho para torná-lo mais
“pop”. Hoje não se muda “COM O”
evangelho. Hoje se muda “O” evangelho. O discurso: “...Deus te quer como estás..”
impera. É claro que Deus nos quer como estamos, mas Ele quer nos moldar,
forjar, transformar. Relativiza-se a palavra para que, ela se adéque à nossa
vida e não a nossa vida se adéque ao evangelho. As igrejas buscam conquistar o
mundo e se esquecem de transformar o mundo e libertar cativos com o poder
salvador de Cristo.
Deus não quer conquistar o mundo.
Jesus não morreu na cruz para conquistar o mundo. Ele morreu para libertar o
mundo. O evangelho liberta pra transformar e não se transforma pra libertar.
Quando tentam transformar o evangelho, ao invés de libertar cativos, tornam-se
escravos de suas buscas pela aparência do “cool”. Tornam-se escravos de sua
própria transformação. O relativismo exacerbado tem criado inúmeras doutrinas,
costumes, mitos, jargões, crenças e famas diversas da palavra genuína de Deus.
Tem trazido também para a sociedade uma imagem deturpada do que é ser cristão.
Hoje ser cristão não é ser diferente, mas ser igual a qualquer um. Não se é
mais luz. Não se é mais sal. Não há mais libertação, pois já que se adapta ao
mundo, se adapta aos vícios, vontades e costumes pré-existentes. Da mesma forma
que na idade média a igreja se adaptou ao paganismo, hoje se adapta a um
paganismo maquiado.
Hoje, o acreditar que Deus existe
é o suficiente para ser “filho de Deus”. Satanás acredita. Ele é filho de Deus?
Não, é uma criatura já condenada ao tormento eterno assim como todos aqueles
que não deixarem de ser criaturas e se tornarem filhos, pois, só os filhos
dEle, lavados e remidos pelo sangue do cordeiro serão aceitos por Ele no dia do
juízo. O simples acreditar que existe um Deus não é o suficiente. Acreditar em
Deus não o faz ser filho dEle, mas a entrega da sua vida ao Senhor através do
reconhecimento do sacrifício de Cristo, sacrifício esse que traz remissão de
pecados e reconhecimento de filiação de Deus. Temos que crer. Ter fé no Deus
altíssimo e essa fé é provada com nossa transformação diária que é a
santificação.
Deus não quer que fiquemos do
jeito que estamos. Ele nos quer libertos do pecado e transformados nEle e por
Ele.